Nada como uma boa conversa...

29 de abr. de 2011

                     _Olá, D. Libido! A senhora por aqui? Há quanto tempo... Por favor, sente-se! Temos muito o que conversar. Diga-me, por onde andou? Olha... senti muito a sua falta. Sem a senhora tudo por aqui ficou mais árido, sabe? Vivia me perguntando por onde andaria, danada, que foi embora sem mais nem menos. Assim, de uma hora pra outra. Para lhe ser sincera, foi num piscar de olhos. Quando dei por mim, já sentia sua ausência. Onde foi que se meteu? Eu lhe procurei tanto! Quer um chazinho? Faço num instante, venha... Mas como eu ia dizendo D. Libido, senti muito a sua falta. Passear pela Rua dos Prazeres sem a vossa companhia me parecia algo impossível. Algumas vezes tentei, mas tudo estava insosso e volta e meia me pegava perdida em lembranças dos nossos passeios por essas paragens. Açúcar ou adoçante? Tome devagar, está quente. Sim, pelo menos o chá, não é mesmo? Vou lhe contar uma coisa... tomei muito chá frio por aqui. Foi como um inverno ameno sem cobertores. O frio até que não era tanto, o que incomodava era não ter onde me enfiar por baixo. Cada noite sem cor, sem sabor, nem cheiro. Estava quase me acostumando. Pensava eu que se a senhora estivesse feliz em outros lugares, então que assim fosse. Ora, não fique assim! Não estou lhe acusando. Pegue um biscoitinho! Teve muitas aventuras por aí? Me conte algumas. Como aquela vez em que... mas ora, veja! Não precisa ficar vermelha, foi divertido! Deixe de charme, senhora, entre nós não há segredos! Estou achando-lhe mais animada. Esse tempo fora lhe fez um bem notável. Antes de ir, estava muito quieta. Isolada no teu canto. Achei até que tinham lhe feito algum mal, sabe? Fiquei preocupada. Confesso que achei que não a veria mais. Mas eis que quando não mais a procuro, me fazes essa bela surpresa! Mais chá?  Oh, estou tão animada agora que estás aqui! Temos muito o que por em dia... estou planejando alguns passeios pela Rua dos Prazeres. Vamos sozinhas mesmo, quem sabe no caminho encontramos quem nos queira acompanhar. Deve estar bonito por lá, mesmo com o vento frio que sopra agora. As folhas de outono ainda estão amareladas e ouvi dizer que essa frente fria não dura muito. Tomara mesmo, minha querida amiga, pois sinto falta do calor. Ora, vamos... deixe aí essa louça. Não precisa se incomodar com isso, a senhora tem mais o que fazer. Seja bem vinda de volta!


Ferida eterna...

20 de abr. de 2011

Saiu sangue, doeu, esfolou... até que um dia, criou casca. 
Casca em cima de casca.
Sangra de novo quando você sente a unha penetrar a carne. 
Outra vez. Até que seque.
Até que encontre um alívio, um alento em forma de cicatriz nova.
Vai passar... 
Nem vai parecer que machucou.
Não...  unha inquieta, que afunda, arranca, expõe a carne viva...
não se contenta enquanto não descasca,
desnuda, arranca...
Sangra... mais uma vez, dói, esfola,seca.
Casca em cima de casca.
Demora mais a afundar-se a garra sorrateira, crispando, arranhando...
Casca grossa... casca que cede, perfurada.
E de novo sangra....


Medíocre, eu? Só fazendo uma média...

8 de abr. de 2011




Insistir ou desistir? Fazer acontecer ou deixar rolar? Ir atrás ou esperar vir?  Saber a hora de parar e a de seguir em frente. Sonhos, lutas, realidade... O quão somos responsáveis pelo nosso destino? E esse tal destino? Existe mesmo ou é só uma invenção do inconsciente coletivo para nos fazer acreditar que um dia teremos aquilo que almejamos ou seremos aquilo que sonhamos?
                             Qualquer livro de auto-ajuda diria que “a mente faz a sua realidade” assim como “você é o que você come”. Até aí tudo bem, mas o enfoque mágico, a perfeição a todo custo, a geração de cobranças esbarra em um ponto crucial: NINGUÉM TEM DIREITO DE SER MEDÍOCRE.

                            Medíocre: adj. Que está entre o grande e o pequeno, o bom e o mau : obra medíocre.
                                         S.m. Aquele que é medíocre, aquele que não tem grande valor intelectual.

 

                               Se no próprio significado da palavra, já se diz que não é nem bom nem ruim e que não tem grande valor, a cultura de hoje em dia eleva isso à máxima potência. Dizer que alguém é medíocre pode ser entendido até como xingamento!

                               Só nos contentamos com adjetivos como: belo, perfeito, magnífico, estonteante, excepcional, excelente, espetacular, maravilhoso. E se é pra ser ruim que seja péssimo, horrível, degradante, repulsivo... medíocre nunca!

                               Pois bem, eu digo a plenos pulmões que sob alguns aspectos, sou um ser medíocre. E ando querendo me libertar da amarra que me faz achar isso ruim.

                               A começar pela minha altura. Não sou nem alta nem baixa, sou mediana. “Ah, mas pra mulher você é alta” ( olha o parâmetro, rs. Acho super engraçado o “pra mulher”... ). Não, não sou alta. Alta pra mim é quem tem mais de 1,70m e pra isso ainda me faltam alguns centímetros. Quesito altura: Carol medíocre ( façamos as pazes com o vocábulo bonitinho).

                             Família: filha do meio! Precisa nem dizer nada né? Rs...

                             Classificação vocal: mezzo soprano. Alguns graves, alguns agudos, mas nem vozeirão de cantora de MPB, nem hiperagudos de solista de ópera. PIMBA!

                             Palco: barzinho e banda de baile. Ou seja, nem anônima nem famosa. Meio de novo.

                             Corpitcho? Apesar de mulher sempre se achar mais gorda do que deveria estar ( eu não sou diferente), sendo bastante honesta, não posso dizer que sou magra e também não sou obesa. Normal. Média.

                               Se todo mundo parar pra pensar direitinho, em algum momento vai se encaixar nessa descrição. Ao menos em algum aspecto da personalidade. E aí? Como lidar com isso?

                                Não digo que ninguém deva lutar pra melhorar, pra atingir metas e objetivos e se aperfeiçoar. Apenas façamos as pazes com a palavrinha acima. Médio é médio... não ser bom não significa ser ruim. Nem que não pode melhorar, evoluir. E que não tem nada de errado também se continuar sendo medíocre, médio, normal. Ninguém  é e por mais que busque isso com todas as forças, nunca será perfeito.

                           Você tem talentos em uma área, é uma negação em outras... Pode ser linda e chata. Ou um gênio da matemática  sem nenhum gingado. Opostos? Sim... mas e se você tiver um “tiquim” de cada coisa? Um pouquinho  de cada habilidade sem ser excepcional e brilhante em nenhuma, tampouco extremamente ruim, péssimo? Qual o problema?

                            Por que tem que ser uma coisa ou outra? Decidir sempre entre dois pólos? O mundo é múltiplo, as questões da vida tem milhares de respostas e nem sempre essas respostas são simplesmente sim ou não. Sempre pode rolar um TALVEZ. Entre dois pólos pode haver uma linha reta, mas também muitas curvas. A opção do meio pode significar também EQUILÍBRIO. Sacou? ( piscadinha pra você)

                           Preto ou branco? Por que não misturar? Fica lindo... e é um clássico! Sol ou chuva? Ah, fala que não é lindo quando depois de uma chuva forte o céu se abre e o sol aparece formando um arco-íris enquanto ainda cai a garoa fina? Falando em coisa boa que fica no MEIO... é só pensar no dia que nascemos e no dia que fatalmente iremos embora... o caminho do meio é nada mais nada menos do que a VIDA! Aquela magia entre um pólo e outro que deve ser vivida assim... do jeitinho que você é!

                             

                             


 

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