Estradeira

25 de jan. de 2011

      Ah! Viajar... que saudade eu tenho disso! Desde que me entendo por gente (pingo de gente, diga-se de passagem), levo uma vida meio cigana. Nômade, mutante. O que para minha personalidade que tem tanto pavor de mudanças quanto o gato (aquele esc      aldado, do dito popular) de água fria, não deixa de ser, no mínimo, um paradoxo.
           Hoje fui acompanhar  uma amiga até a rodoviária. Meninota, miúda, cheia de malas. Enquanto aguardávamos o horário do seu ônibus, duas coisas me chamaram a atenção: as lembranças e a atmosfera da rodoviária. Várias histórias  se cruzando. Pessoas bem arrumadas, outras nem tanto. Muita bagagem, pouca bagagem. Gente solitária, gente que se encontra, gente que se despede.Alguém que folheia desinteressadamente um jornal enquanto espera a hora da viagem. Outro correndo até o guichê com a mochila nas costas, voando para não perder o ônibus.
          Até aí, coisas que qualquer observador mais atento ao que acontece em volta notaria. Mas a minha fascinação por esse tipo de coisa me deu uma consciência de mim inebriante. A consciência de que sempre foi assim. As longas viagens cheias de choro da infância. Quem tem parentes que moram longe, em outro estado sabe bem do que estou falando. Fotos de despedida, o choro na janela do ônibus agarrada à mão da tia que eu só veria nas férias do ano seguinte. Sem falar nas viagens de carro. Mãe de madrugada arrumando todas as comidas que levaríamos, as malas, dela, de papai, minha e dos meus irmãos... e os três babando no banco de trás do carro. Perguntando ansiosos quando acordávamos: " Já chegou? Tá chegando, pai? Falta muito?" - começo a achar  que o burro do Shrek é um plágio meu e dos meus irmãos, "but whatever"...
          Histórias de viagem, tenho aos montes e todas elas encheriam esse blog só com esse assunto, acreditem. Não parei por aí, mudanças de cidade, mudança de estado. Me enfiei em banda de baile, mais tarde do que a maioria começou. Era das poucas que não reclamava nunca do vai e volta.Eu já estava acostumada  a essa coisa de ser mambembe, de chegar em cidades diferentes, mesmo não dando tempo de conhecer nada. Para mim, esse sempre foi um dos grandes baratos dessa vida.
         Mas esse post não é sobre os locais que já visitei, morei, cantei.. É sobre a reafirmação do meu gosto por viajar. Quem foi que disse mesmo que o melhor da festa é esperar por ela? Esse post é sobre a viagem em si e não sobre o destino. Não é a chegada, é o caminho. É a estrada. É a ida e a volta! Sou estradeira. Ficar muito tempo sem viajar me dá a sensação de ter uma bola de ferro no pé, digna das prisões dos Irmãos Metralha, com direito a uniforme listradinho ( se eu não construir a cena e descrevê-la não tem a menor graça..rs.)
            Dormir em posto de gasolina, dentro do carro, amparada pelos caminhões à volta. Ver meu pai jantar com os caminhoneiros enquanto a mãe ficava conosco no carro. Os barulhos de caminhões e ônibus passando na estrada. Dormir com o veículo em movimento... até hoje quando tá difícil pegar no sono, recordo a sensação de movimento até me embalar nele. Acho que sou meio doida, mesmo.
           Estar lá hoje, me fez sentir tudo isso: uma vontade que eu estou há tempos, de enfiar um monte de roupas em uma mala e me enfiar num ônibus, avião, que seja. Eu perderia a sensação da estrada, mas ainda estariam lá a chegada e a despedida. O embarque e o desembarque... as pessoas indo, voltando, chegando e partindo......... 


" Coisa que gosto é poder partir sem ter planos... melhor ainda é poder voltar quando quero! " 
            

6 comentários:

Caru on 25 de janeiro de 2011 às 17:36 disse...

Carolzinha, posso dizer que a descrição da sua infância foi o mesmo que ver a minha!!
Sou mineira, filha de pai carioca e mãe mineira (do norte de minas), Já morei numas 9 cidades diferentes e, na maior parte do tempo, muito longe dos avós, tios e primos.
Todas as férias era essa coisa louca, dormir em hotel, férias frustradas chegando ao playcenter fechado, parando em lugares diferentes...

Foi estranho quando comecei a ter crises de pânico e simplesmente parar com isso. PQ, mesmo quando meus pais não viajavam, desde os 3 anos... meus pais me colocava no avião sozinha pra ir pra algum lugar ou no ônibus, a partir dos 7...

Agora quero mais é reviver isso! Cada viagem é uma alegria!!

Bora pra estrada então!!

Bjinhos

Carol Caran on 25 de janeiro de 2011 às 18:04 disse...

Belo post e uma pontinha de inveja na sua vida cigana. Eu acho que gostaria de ter viajada muito mais. Quem sabe um dia...

Beijos!

Shirley on 25 de janeiro de 2011 às 23:13 disse...

É pima caminhando contra o vento sem lenço, sem documento eu vouuuu...
Vida cigana, louca, mas é sempre correndo atrás daquilo que ser quer e ama fazer, bjocass

Sheila on 26 de janeiro de 2011 às 19:47 disse...

Esse embalo de estrada também foi meu durante anos, não por ter viajado muito, mas por amar uma estrada...Apesar de que se pensar no transito de Sampa qualquer logo ali vira uma viajem...

Karola on 27 de janeiro de 2011 às 02:51 disse...

sua linda, te achei
palavreando agora tb?
adorei aqui
;)

Cris Paulino on 27 de janeiro de 2011 às 09:16 disse...

ai q deliciiiiaa... "Minha vida é andar por este pais", adoreiiii!! Vontade que deu de sair assim, meio sem rumo!! Beijosss

 

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